Ciclo de Ideação

Overview

No sentido mais amplo, Ideação é o processo criativo de geração, desenvolvimento e comunicação de novas ideias. Entendendo ideia como um elemento básico do pensamento (que pode ser visual, concreto ou abstrato), ideação compreende todos os estágios de um ciclo do pensamento, sendo o ponto inicial para inovação, desenvolvimento e materialização de soluções. Deve ser centrado no usuário/consumidor.

Fig. 1.1 - Fluxo do Processo de Ideação

O Ciclo de Ideação

O ciclo de Ideação envolve interação entre pessoas, compreensão das implicações dos desafios e cenários envolvidos, análise e interpretação de todos os dados e fatos conhecidos, e, consolidação e conexão destes dados e fatos, para produção de alternativas de solução.

No Mi9, o Ciclo de Ideação é composto por três atividades:

  • Desenvolver Empatia

  • Definir

  • Idear

E na prática, o Mi9 instanciado em uma ferramenta de gestão apresenta o ciclo de Ideação em forma de Quadro composto por listas de cartões, e cada lista representa uma de suas atividades, que são detalhadas a seguir.

Desenvolver Empatia (Empathize)

Nesta atividade o time busca construir uma percepção e uma compreensão sobre as necessidades, limitações ou dificuldades enfrentadas por seu cliente e/ou consumidor. Estabelecer um "senso de empatia" é um estágio essencial para o processo de design centrado no ser humano. "Desenvolver empatia" é o trabalho que o time faz para entender as pessoas, dentro do contexto do seu desafio de ideação. É o seu esforço para compreender a maneira como eles fazem as coisas e o porquê, suas necessidades físicas e emocionais, como pensam sobre o mundo e o que é significativo para eles.

O nome desse estágio do ciclo está intencionalmente relacionado com a ideia de que o time possa compreender e, sempre que possível, experimentar as dificuldades, sentimentos e limitações vivenciadas por aqueles que serão beneficiários daquilo que está sendo desenvolvido pelo trabalho que o time está realizando. Desenvolver empatia o ajudará o time conduzir pesquisas relevantes e se aprofundar no tema explorado, além de obter um reconhecimento inestimável da(s) pessoa(s) para quem você está projetando.

Nesse estágio são realizadas pesquisas, observações (em estudos de campo), e interações por meio da interlocução (assistir, interagir e ouvir) com seus clientes e/ou consumidores. Geralmente essa atividade é realizada pela triangulação de múltiplas fontes de dados para compreensão das implicações dos problemas, desafios e cenários relacionados, avaliando tanto o ponto de vista das lideranças quanto das equipes envolvidas.

Entradas

Uma das formas de fazer isso se dá pela identificação de problemas que possam estar atrapalhando ou atrasando o avanço dos seus trabalhos, projetos ou da organização, ou desafios que precisem ser superados para que a organização possa alcançar um novo patamar evolutivo, ou desenvolver um diferencial competitivo. Mas qual a diferença entre problema e desafio? Problema é algo que precisamos resolver (eliminar) ou contornar, que atrapalha o avanço das ações importantes. Já o desafio é algo que desejamos superar, afeta nossas capacidades e competências, e, para lidar com o desafio é necessário empregar nossos talentos e dons (para mais detalhes visite o nosso Glossário).

Fig. 1.2 - Problemas e Desafios

Ferramentas e Técnicas

Depois de conhecer mais sobre a diferença entre problemas e desafios, como podemos identificá-los? Como caracterizá-los e priorizá-los? Este fluxo de ações pode receber uma ajuda significativa de ferramentas para a tomada de decisão. Para identificá-los, o time pode se reunir e listar problemas e desafios existentes em outros contextos, para isso, o time poderá aplicar uma técnica chamada benchmarking, uma pesquisa em outros contextos organizacionais que permite comparações, seja de produtos, serviços, estratégias, etc.

Neste estágio, benchmarking pode ser entendida como a pesquisa em outros ecossistemas ou projetos sobre quais problemas ou desafios são enfrentados, como base de comparação para o ecossistema em questão. O time reflete sobre os resultados da pesquisa para auxiliar na identificação de problemas e desafios.

A identificação de problemas e desafios pode contar com diversas técnicas, como entrevistas com as partes interessadas, aplicação de surveys (questionários) para a coleta estruturada de problemas e desafios e, observação do contexto organizacional.

Outra técnica pode ser aplicada tanto para identificar quanto caracterizar problemas e desafios é denominada de brainstorming ou "tempestade de ideias" trata-se de estimular a criatividade de um time para a formação de ideias, evitando inibição e proporcionando ideias potenciais.

Normalmente o brainstorming é realizado em grupo com a ajuda de um facilitador, mas também pode ser realizado individualmente. No início de uma sessão de brainstorming escolhe-se um tópico central de discussão, seja um objetivo, problema ou desafio, por exemplo. Quando realizada em grupo, times menores são divididos e, os participantes terão um tempo máximo para fornecer as ideias. Findo o prazo, as ideias são revisadas pelos times e em seguida, o facilitador compartilha todas as ideias em local visível a toda a audiência. Nesta etapa, as ideias duplicadas são excluídas. Os times voltam a formação inicial (de único grupo) e selecionam as ideias que mais atendam ao tópico de discussão proposto.

Neste estágio, o tópico de discussão do time poderá ser representado por dúvidas, sentimentos, devaneios, desejos, entre outros, que despertam o interesse do time em buscar uma solução inovadora. A partir deste ponto, o time busca fazer uma pergunta refinada, podendo ajudar a identificar e caracterizar um problema ou desafio.

Uma vez identificados e caracterizados, o time estará apto à priorização dos problemas e desafios. Na prática, podemos contar com a Matriz GUT, a partir dos seguintes critérios de priorização:

  • Gravidade: é analisada pela consideração da intensidade ou impacto que o desafio pode causar se não for superado. Tais danos podem ser avaliados quantitativa ou qualitativamente. Um desafio grave não superado, pode ocasionar a falência da sua empresa, na perda de clientes importantes ou mesmo na geração de danos à imagem pública da organização.

  • Urgência: é analisada pela pressão do tempo que existe para superar determinada situação. Basicamente leva em consideração o prazo para se vencer um determinado desafio. Pode se considerar como desafios urgentes prazos definidos por lei ou o tempo de resposta para clientes.

  • Tendência: é analisada pelo padrão ou tendência de evolução da situação. Você pode analisar desafios, considerando o desenvolvimento que ele terá na ausência de uma ação efetiva para superá-lo. Representa o potencial de crescimento do desafio, a probabilidade do desafio se tornar maior com o passar do tempo.

Para cada critério pode ser estabelecida uma Escala de 5 pontos, onde a maior pontuação está associada à superlatividade de cada critério. Como por exemplo na figura a seguir.

Fig. 1.3 - Escala de pesos da Matriz GUT

Sob os critérios supracitados, o time avalia cada problema e desafio categorizado, gerando uma pontuação em cada critério. Para determinar a priorização dos problemas e dos desafios, basta multiplicar a pontuação dos três critérios para cada unidade de problema e desafio. Ao ranquear as pontuações em ordem decrescente, conseguimos visualizar a lista de problemas priorizados e a lista dos desafios priorizados.

Exemplificando, se um determinado desafio “A” tiver as seguintes pontuações G=1, U=2, T=5, o resultado desses critérios seria GUT = 1*2*5 = 10.

Da mesma forma, se um desafio “B” tiver como pontuações G=2, U=2, T=3, o resultado desses critérios seria GUT = 2*2*3 = 12.

Portanto, o ranking de priorização dos desafios seria ordenado primeiro pelo desafio “B” e depois o desafio “A”.

Saídas

O principal produto deste estágio é a percepção e compreensão sobre as necessidades, limitações ou dificuldades enfrentadas. Uma forma de materializar esse entendimento é através da identificação, caracterização e priorização dos problemas ou desafios percebidos nessa imersão, uma vez que a coisa mais cara neste processo é o time estar resolvendo o problema errado!

Templates

Veja aqui o(s) template(s) recomendável(is) para esta atividade. Para aquele(s) que não possue(m) link de acesso, você pode buscar alternativas na internet. Posteriormente, poderemos incluí-lo(s) na seção.

Síntese

Entradas

  1. Problemas

  2. Desafios

  3. Sentimentos

  4. Queixas

  5. Informações sobre os consumidores/clientes

  6. Informações sobre a cultura organizacional

Ferramentas e Técnicas

  1. Entrevistas

  2. Surveys

  3. Observação

  4. Brainstorming

  5. Benchmarking

  6. Matriz GUT

Saídas

  1. Necessidades compreendidas

  2. Dificuldades percebidas

  3. Limitações assimiladas

  4. Problemas e/ou Desafios caracterizados

Definir (Define)

Este estágio está relacionado à reflexão, identificação e definição (caracterização) de ideias que possam ajudar o time a resolver um determinado problema ou a superar determinado desafio.

No contexto do Mi9, Definir representa a análise e interpretação de todos os dados e fatos obtidos na etapa anterior e como eles contribuem para a concepção de uma solução razoável para o problema ou desafio posto.

Entradas

A partir dos insumos produzidos no estágio anterior (necessidades compreendidas, dificuldades percebidas, limitações assimiladas e problemas e/ou desafios caracterizados), são geradas as primeiras abstrações de potenciais respostas para os problemas ou desafios identificados. São os embriões de ideias!

Os embriões de ideias são considerados como insights, ideias não estruturadas, elencadas pelo time que permitam a reflexão: “para o problema/desafio X podemos considerar como alternativas de solução, a ideia A, ideia B e ideia C”. A princípio, o que impulsiona a criação dos embriões de ideias é alcançar o máximo de alternativas para o time.

Portanto, este estágio além de promover um catálogo de embriões de ideias, que poderão ser reaproveitadas em outros contextos, problemas e desafios, funciona como base para o desenvolvimento de ideias.

Ferramentas e Técnicas

Uma das técnicas recomendadas para identificar os embriões de ideias é o benchmarking sobre como problemas ou desafios similares foram ou são resolvidos em outros ambientes organizacionais. O time reflete sobre os resultados da pesquisa e define quais alternativas podem ser utilizadas ou adaptadas ao próprio contexto.

Neste estágio, o uso da técnica benchmarking se refere à pesquisa em outros ecossistemas ou projetos sobre como o problema ou desafio proposto no ciclo de trabalho foram ou são resolvidos, como base de comparação para o ecossistema em questão. O time reflete sobre os resultados da pesquisa e define quais alternativas podem ser utilizadas ou adaptadas ao próprio contexto, assim esta técnica pode fortalecer o catálogo de embriões de ideias que serão desenvolvidas no estágio seguinte.

Após conhecer como outros contextos resolvem o problema ou desafio identificado no estágio anterior, o time pode contar com a técnica de brainstorming para revelar os embriões de ideias. A técnica de brainstorming é realizada em grupo com a ajuda de um facilitador, mas também pode ser realizada individualmente. No início de uma sessão de brainstorming escolhe-se um tópico central de discussão, especificamente para o estágio de Definir, será o problema ou desafio identificado no estágio anterior.

Quando realizada em grupo, times menores são divididos e, os participantes terão um tempo máximo para fornecer os embriões de ideias em uma lista (insights, ideias não estruturadas, primeiras abstrações). Findo o prazo, as respostas são revisadas pelos times e em seguida, o facilitador divulga todas as respostas em local visível a toda a audiência. Nesta etapa, as respostas duplicadas são excluídas. Os times voltam a formação inicial (de único grupo) e selecionam as propostas de solução que mais atendam ao tópico de discussão proposto (problema ou desafio).

Um fato relevante sobre a formação e análise dos embriões de ideias é a sua rastreabilidade. Uma das formas de salvaguardar os resultados deste estágio e reaproveitá-los quando convir é registrar os embriões de ideias em um repositório acessível às partes interessadas, no qual devem constar minimamente o registro do problema ou desafio que originou cada embrião de ideia. Este artefato é denominado de Banco de Ideias, utilizado em outros estágios do Mi9. Verifique a disponibilidade de "modelos de preenchimento" para os artefatos mencionados aqui, na seção de Templates deste estágio.

Saídas

O principal produto deste estágio é a concepção, ainda que preliminar (os embriões) de ideias que possam mitigar ou resolver os problemas ou ajudar a superar os desafios identificados e caracterizados no estágio anterior.

Templates

Veja aqui o(s) template(s) recomendável(is) para esta atividade. Para aquele(s) que não possue(m) link de acesso, você pode buscar alternativas na internet. Posteriormente, poderemos incluí-lo(s) na seção.

Síntese

Entradas

  1. Necessidades compreendidas

  2. Dificuldades percebidas

  3. Limitações assimiladas

  4. Problemas e/ou Desafios caracterizados

  5. Experiências similares

Ferramentas e Técnicas

  1. Observação

  2. Brainstorming

  3. Benchmarking

Saídas

  1. Embriões de ideias

Idear (Ideate)

Este estágio está relacionado à consolidação e conexão dos dados e fatos coletados para produção de alternativas de solução. Idear é a atividade de desenvolver ideias, insights ou primeiras abstrações relacionadas a um problema ou desafio proposto. Neste estágio, o time conta com a avaliação de cada embrião de ideia a partir de critérios de priorização.

Entradas

Este estágio é iniciado a partir dos embriões de ideias formados no estágio anterior. É o momento de desenvolver os embriões de ideias! É preciso analisar e estruturar cada embrião de ideia, a partir do problema ou desafio original. O time pode desenvolver diferentes estratégias para maturar os embriões de ideias e diferentes critérios para avaliá-los.

Ferramentas e Técnicas

Todas as ideias devem ser registradas no Banco de Ideias para serem reutilizadas quando necessário.

O Banco de Ideias funciona não apenas como um repositório, mas também como uma matriz de priorização das ideias registradas, a partir de critérios, como:

    • Risco: é analisado quando as alternativas de materializar a ideia são possíveis e o time conhece as alternativas relevantes, suas consequências e a probabilidade de ocorrerem. Logo, é avaliado o risco que a ideia gera ao time.

    • Incerteza: é analisada quando as alternativas de materializar a ideia não são conhecidas pelo time, tampouco suas alternativas e probabilidade de ocorrerem. Neste aspecto, o time avalia o grau de incerteza de uma ideia funcionar.

    • Potencial: é analisado pela consideração da intensidade ou impacto que uma ideia pode causar se for materializada. O potencial de uma ideia também está relacionado ao nível de resolubilidade a um problema ou desafio proposto. Isto é, o potencial da ideia considera o quanto ela é efetiva para resolver ou mitigar um problema ou superar um desafio proposto.

Para cada critério poderia ser estabelecido numa Escala de 3 pontos (1. Baixo, 2. Médio e 3. Alto), onde a maior pontuação estaria associada a superlatividade de cada critério. Como por exemplo na figura a seguir.

Fig. 1.4 - Escala de pesos para a Matriz RIP

A pontuação final do potencial de resolução de cada ideia é o resultado da multiplicação das pontuações de cada critério supracitado.

Ao ordenar os valores de forma decrescente, obtém-se o ranking das ideias pelo seu potencial de resolução ao problema ou desafio a que se busca resolver ou superar, respectivamente.

Exemplificando, se uma determinada ideia “A” tiver as seguintes pontuações R=1, I=2, P=3, o resultado desses critérios seria RIP = 1*2*3 = 6.

Da mesma forma, se uma ideia “B” tiver como pontuações R=3, I=1, P=1, o resultado desses critérios seria RIP = 3*1*1 = 3.

Portanto, o ranking de priorização das ideias seria ordenado primeiro pela ideia “B” e depois a ideia “A”.

Saídas

O principal produto deste estágio é a caracterização das ideias potenciais que poderão ser materializadas para resolver o problema ou superar o desafio compreendido no início deste ciclo. Estas ideias potenciais são os insumos do Backlog do ciclo seguinte.

Templates

Veja aqui o(s) template(s) recomendável(is) para esta atividade. Para aquele(s) que não possue(m) link de acesso, você pode buscar alternativas na internet. Posteriormente, poderemos incluí-lo(s) na seção.

Síntese

Entradas

  1. Embriões de ideias

Ferramentas e Técnicas

  1. Banco de Ideias

  2. Matriz RIP

Saídas

  1. Ideias

  2. Backlog

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